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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Acabou! Está comprovada a participação de Lula na tentativa de compra de silêncio

http://www.uol941.com.br/fotos/

(FONTE: O Globo / VEJA / EXTRA / ... )

[Segundo PGR, há ‘diversos elementos’ que comprovam participação do ex-presidente]

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito que investiga uma trama para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Primeiro, foram denunciados no mesmo inquérito o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), o ex-chefe de gabinete dele Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro André Esteves. Depois, houve um aditamento da denúncia, no qual foram incluídos Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai e o filho dele, Maurício Bumlai. Em nota, o Instituto Lula negou a participação do ex-presidente e classificou a denúncia do PGR como "antecipaçao de juízo" (leia a íntegra abaixo). A defesa de André Esteves reiterou que ele não cometeu nenhuma irregularidade.

Em outro pedido feito ao STF para incluir Lula no inquérito principal da Lava-Jato, Janot informou sobre o aditamento da denúncia: “Se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e André Esteves, dando ensejo ao aditamento da denúncia anteriormente oferecida”.

No documento, o procurador afirmou que, além da delação de Delcídio, há “diversos outros elementos” comprovando a participação de Lula na empreitada – entre eles, o agendamento de uma reunião entre Lula e Delcídio no Instituto Lula em data próxima às negociações sobre a delação premiada de Cerveró.

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no STF, analisará a denúncia. Ele vai elaborar um voto e apresentar à Segunda Turma do tribunal, composto por cinco integrantes. Se o colegiado aceitar a denúncia, Lula e os outros investigados serão transformados em réus. Não há data prevista para essa análise acontecer.

ACORDO PARA EVITAR DELAÇÃO E ROTA DE FUGA PELO PARAGUAI

O senador Delcídio Amaral foi preso no dia 25 novembro de 2015 após ter sido flagrado negociando pagamento de propina à família e ao advogado de Nestor Cerveró em troca de ele não assinar acordo de delação premiada. O senador aparece, junto com o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro André Esteves, em duas gravações feitas pelo filho de Cerveró, o ator Bernardo Cerveró. Segundo delação do senador, divulgada pela Isto É, Lula foi o mandante dos pagamentos para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, com o objetivo de que o ex-diretor da Petrobras protegesse o pecuarista José Carlos Bumlai nos depoimentos. Na ocasião, o Instituto Lula repudiou as acusações e negou a participação do ex-presidente em irregularidades.

JANOT PEDE INCLUSÃO DE LULA EM OUTRO INQUÉRITO

Janot também pediu a inclusão Lula e outros 30 nomes no inquérito principal da Lava-Jato, incluindo petistas próximos à Presidência, como Jaques Wagner (chefe de gabinete da Presidência da República), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social). O requerimento de Janot também traz nomes da cúpula do PMDB, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros, o banqueiro André Esteves e o pecuarista José Carlos Bumlai. Se o pedido de Janot for aceito, o inquérito passará a investigar 69 pessoas.

O principal inquérito da Lava-Jato já contava com 39 investigados – entre eles, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A principal suspeita é de que as pessoas formavam uma quadrilha para desviar recursos da Petrobras. Há também suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

“Pelo panorama dos elementos probatórios colhidos até aqui e descritos ao longo dessa manifestação, essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse”, afirmou o procurador-geral.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/janot-den nuncia-lula-ao-stf-por-tentativa-de-comp ra-de-silencio-de-cervero-19222844#ixzz4 7eU0ABsP

domingo, 27 de março de 2016

O desespero e a banca de ouro de Lula

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Em algumas paredes das galerias da Penitenciária Feminina Sant’Ana, o maior presídio de mulheres da América Latina, localizado em São Paulo, está escrito em caligrafia muito torta: “quem fala a verdade não precisa de advogado, quem fala meia verdade precisa de um, quem mente inteiro é bom ter dois”. Não há notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha feito alguma visita a essa prisão, mas é muito provável que ele conheça os dizeres registrados naqueles muros.
Para enfrentar as descobertas da operação Lava Jato, tentar se defender das acusações que pesam contra si e procurar se esconder sob a prerrogativa do foro privilegiado, Lula escalou um pelotão composto por 21 advogados, entre eles seis dos mais notáveis do País que desembarcaram no caso na semana passada. E, segundo apurou ISTOÉ, após a Páscoa todos ficarão sob a coordenação de um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, hoje aposentado – ele já teria até se apresentado ao juiz federal Sérgio Moro, coordenador da operação Lava Jato. 
 
Ouvidos por ISTOÉ, dois dos advogados arregimentados por Lula asseguraram que nada estão recebendo pelo trabalho e que fazem parte desse time “em respeito à história do ex-presidente”. No mercado jurídico, no entanto, comenta-se que, para remunerar uma equipe do porte da que foi montada, Lula teria de gastar cerca de R$ 15 milhões apenas pelo habeas corpus encaminhado ao STF no último domingo. Oficialmente Lula ainda sequer é réu, e o exército de juristas escalados por ele mostra, na prática, uma tentativa de usar nomes consagrados do Direito para tentar intimidar o Judiciário.

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“Bateu o medo em Lula”, afirma um advogado a quem o ex-presidente costuma recorrer sempre que se vê juridicamente acuado. Nem mesmo a decisão do ministro Teori Zavascki, proferida na noite da terça-feira 22, deixou Lula tranquilo. Atendendo a demanda da Advocacia Geral da União (AGU), Zavascki determinou que o juiz Sérgio Moro remeta ao STF as investigações envolvendo o ex-presidente na Lava Jato e decretou sigilo sobre as conversas telefônicas interceptadas. Zavascki manteve, no entanto, a decisão do STF que impede a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil.
 
“Ele sabe que a decisão é provisória. E sabe ainda que não conta com a simpatia da Corte”, disse um dos advogados de Lula na quarta-feira 23. A possibilidade real de ir para a cadeia deixa o ex-presidente em estado de pânico e isso também explica a montagem de uma banca de ouro advocatícia. Eles pertencem a oito escritórios diferentes. Alguns desses advogados se reúnem pelo menos uma vez por semana em São Paulo para encontrar saídas para Lula, a partir do bom trânsito que possuem nos tribunais superiores.
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Tais reuniões são tão secretas que, nelas, os advogados são obrigados a desligarem seus celulares. O ex-presidente Lula tem o direito de possuir na Justiça quantos patronos quiser. O que se cogita no meio jurídico, porém, é que ele colocou ao seu redor um time tão grande e qualificado também como forma de “tentar auxiliar” a AGU em sua “anemia teórica que a faz cometer uma série de erros”. É verdade que a decisão de Zavascki pode representar uma vitória transitória da AGU, mas seus erros têm sido frequentes. 
 
O último deles ficou visível na madrugada da terça-feira quando o ministro do STF Luiz Fux rejeitou mandado de segurança contra a liminar de Gilmar Mendes – a liminar impediu a posse de Lula como ministro da Casa Civil. Qualquer estagiário de Direito sabe que não cabe esse tipo de recurso contra uma decisão monocrática de ministro do STF. O mais surpreendente é que os advogados do ex-presidente incorrem no mesmo amadorismo e insistem em recursos sem respaldo na jurisprudência – só trocaram mandado de segurança por habeas corpus, esquecendo que também esse remédio jurídico não tem efeito para alterar decisão monocrática de ministro da Corte. 
 
O habeas corpus questionando a posição de Gilmar Mendes caiu primeiramente sob a relatoria do ministro Luiz Edson Fachin. Por ser padrinho de casamento da filha de um dos defensores, ele se deu por “impedido” mas sinalizou o que faria se pudesse julgá-lo: rejeitou habeas corpus idêntico, vindo do advogado Samuel José da Silva, que não integra a equipe de defesa (essa ação é apenas uma entre as quase 300 que estão distribuídas em todo o País). Ao rejeitar o pedido de Silva, ficou claro que Fachin também não atenderia à expectativa dos advogados de Lula. Feito novo sorteio, caiu a relatoria com a ministra Rosa Weber, que negou o habeas corpus.

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Ou seja: Lula continua fora do governo, sem foro privilegiado. E tudo indica que, nos próximos dias, voltará a ficar sob as determinações de Moro, especialmente no que diz respeito ao sítio de Atibaia e ao apartamento tríplex no Guarujá. “Lula leva bons profissionais a se equivocarem porque ele esperneia para todos os lados”, disse um ex-advogado do petista. É verdade. Nos últimos tempos ele se insurgiu em relação à Polícia Federal, disparou contra Moro, condenou o Ministério Público e os tribunais superiores, criticou a mídia, esgoelou em palanque da avenida Paulista, em São Paulo, e entupiu de recursos o STF e juizados de primeira instância inconformado com a perda do foro privilegiado. 
 
O problema é que, diante da Lava Jato, o peso político de patronos consagrados não tem intimidado o Ministério Público nem o juiz. E, mesmo em Brasília, defensores com bom trânsito nas instâncias superiores do Judiciário não estão colecionando vitórias. Por que advogados tão conceituados lançaram mão de habeas corpus, apostando que ganhariam da jurisprudência? A primeira resposta, vinda da maioria dos juristas, é redundante: “Lula está deixando até Deus atarantado”, disse um dos advogados da própria banca. 

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A segunda resposta é surpreendente: entre os mais notáveis defensores do ex-presidente não há criminalistas consagrados. E o problema de Lula é criminal. Não se trata de uma questão política/jurídica. É apenas criminal. Lula e sua defesa têm, assim, dado voltas para não sair do mesmo lugar – e tal lugar é perder. O que fazer agora? Essa é a questão que a própria banca se colocou depois da decisão de Zavascki. “Nada, absolutamente nada. Não é fazendo chover recurso que um inocente se defende”, disse um advogado bastante próximo à equipe de Lula. 
 
Outro jurista, um dos mais conceituados do País, poucas horas antes da decisão de Rosa Weber, qualificava o habeas corpus como “inócuo e midiático”. Igualmente inócuo foi o recurso apresentado há mais de um mês pelos defensores do ex-presidente, antes ainda de ele ser nomeado ministro, pedindo então que o STF paralisasse a investigação do Ministério Público Federal (leia-se Lava Jato), uma vez que corria investigação no MP paulista devido à quebra da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). 
 
Também nesse caso a relatora sorteada foi Rosa Weber, e ela não viu nenhuma incompatibilidade nas investigações feitas em duas frentes. Pode-se dizer que, a partir daí, Lula montou o seu acampamento no STF e acumulou derrotas. Na quarta-feira a presidente Dilma já cogitava arranjar para Lula um cargo informal no governo. Nesse caso, ele não teria foro privilegiado, mas, como disse o pensador republicano Joaquim Nabuco, “não se deve ser ministro somente para usufruir as vantagens do poder”. (IÉ)
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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Alckmin diz que Lula está 'sitiado' e ironiza fim da fase 'Lulinha paz e amor'

Alckmin diz que Lula está 'sitiado' e ironiza fim da fase 'Lulinha paz e amor'

O governador Geraldo Alckmin ironizou neste domingo (28) as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva feitas neste sábado (27) na festa de aniversário do PT, no Rio de Janeiro. Lula disse que os petistas "não podem levar desaforo para casa" e que acabou a fase "Lulinha paz e amor". Ao sair de uma escola no Morumbi onde votou nas prévias do PSDB que definirão o candidato tucano na capital, Alckmin fez um trocadilho com a polêmica envolvendo o sítio frequentado por Lula e sua família. "Lula está sitiado". O Ministério Público investiga se Lula foi beneficiado por construtoras na reforma de um sítio em Atibaia, utilizado por ele e por familiares.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Lula teria dito para Dilma: “Se eu cair, você vai junto”, contou um funcionário do hotel

http://assets0.exame.abril.com.br/assets/images/2014/9/508540/

A presidente Dilma Rousseff viajou na última sexta-feira (12) para São Paulo com o objetivo de se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma desembarcou no aeroporto de Congonhas por volta das 17h e ficou com Lula até às 20h30.  A reunião durou pouco mais de duas horas e acabou no início da noite. Ambos não quiseram fazer declarações à imprensa.
A viagem, que não fez parte da agenda oficial de Dilma, foi divulgada somente na quinta-feira (11).
OBlog do Camarotti informou que o encontro teve como objetivo diminuir o ambiente de intriga criado entre os dois petistas.
Há um incômodo de Lula pelo silêncio da presidente Dilma depois das denúncias relacionadas ao apartamento triplex, em Guarujá (SP), e ao sítio em Atibaia frequentado pelo petista.
No início da manhã de ontem, um funcionário do hotel Renaissance, onde ocorreu o encontro, contou a um repórter que escutou Lula usando um tom de voz um pouco alterado.
De acordo com o funcionário, que não quis se identificar, em certo momento ele chegou a escutar o ex-presidente se queixando: ” Olha só Dilma, a coisa não está muito boa. Se eu cair, você vai junto. Tá ficando difícil “

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

“Gay é minoria? No carnaval de Salvador não”, avalia Ricardo Boechat após curtir folia baiana

Foto: Varela Notícias

Pela primeira vez o Carnaval de Salvador contou com a presença do jornalista Ricardo Boechat, apresentador do “Jornal da Band”, e em seu programa de rádio o âncora comentou sobre a folia baiana. Ele destacou a presença marcante da comunidade LGBT na festa de Salvador e frisou a alegria da mesma.
“Gay é minoria? Venha aqui em Salvador. É impressionante como essa comunidade movida à alegria é o fator marcante do Carnaval de Salvador. Não tem isso de preconceito, escondido, estão definitivamente com seu espaço ocupado, sua alegria. São incansáveis. E quem olhar diferente vai levar um beijo”, disse, acrescentando que mesmo podendo ser minoria, a comunidade LGBT não se coloca desta forma durante o carnaval.
“A gente é muito marcado, e com razão, por uma história de preconceito, exclusão, que é sinalizada pela questão da maioria reprimindo uma minoria. Mas em determinados espaços esse equilíbrio acontece. Em Salvador as pessoas ocupam as ruas e a comunidade gay não é minoria. Se é, se coloca aqui como um grupo que não está disposta a agir diferente do que deseja fazer”, falou. (VN)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Denúncias sobre sítio e triplex ajudam a desconstruir mito Lula

O ex-presidente em imagem de arquivo.

Mas agora, ao ter seu nome envolvido no que as autoridades acreditam ser um possível episódio de troca benesses – que incluiriam um elevador privativo no tríplex – por contratos com o Governo, a reputação do líder petista sentiu o abalo. Vale lembrar que todos os ex-presidentes, de José Sarney a Lula, passando pelo tucano Fernando Henrique Cardoso, e políticos de modo geral, são frequentemente cortejados com presentes, favores e agrados por parte do empresariado, em relações que muitas vezes se encontram na fronteira entre o imoral e o ilegal. "Não basta parecer sério, é preciso ser sério", diz o provérbio atribuído ao imperador romano Júlio César, referindo-se à sua ex-esposa Pompeia.
Se no passado outros políticos brasileiros tiveram 'agrados' questionados, agora é Lula quem está no centro das atenções, justamente quando sua sucessora está no poder, e quando seu partido tem declarado interesse nas eleições de 2018. Por isso, cabe a ele justificar que o que parece ser não é exatamente. Nos últimos dias a seriedade do ex-presidente foi posta à prova com a divulgação de um ofício do delegado da Polícia Federal Marlon Cajado, responsável pela Zelotes, no qual ele confirma a existência de um inquérito para apurar se o ex-presidente e outras pessoas participaram do esquema investigado ou se foram vítimas do mesmo. Assim, Lula entrou de vez nas duas operações da Polícia Federal: seu nome começou a ser atrelado à Lava Jato e já é investigado na Zelotes.
O reflexo da crise na imagem do petista se traduz em números. Pesquisa do instituto Ipsos divulgada nesta semana apontou que apenas 25% dos entrevistados consideram que o petista é honesto. Durante o escândalo do mensalão eram, 49% acreditavam na idoneidade do líder. E não é só: 68% das pessoas acham que Lula não tem moral para falar de ética, (ante 57% em 2005), e 67% disseram que a Lava Jato mostra que o ex-presidente é tão corrupto quanto outros políticos (no mensalão 49% tinham essa percepção). Soma-se a isso a péssima avaliação do Governo de Dilma Rousseff, o naufrágio ainda sem socorro da economia brasileira e a expectativa de mais um ano de martírio na relação do PT com o Congresso – sem contar o surto de doenças com o zika vírus –, e têm-se os ingredientes que podem jogar vinagre nas aspirações do ex-sindicalista de subir, pela terceira vez, a rampa do Palácio do Planalto.
Os números são influenciados fortemente pelo bombardeio sofrido pelo ex-presidente na imprensa, que colocou sob escrutínio seu patrimônio – e de seus amigos. Alguns veículos fizeram até mesmo o levantamento de quantas vezes Lula esteve no sítio de Atibaia (111 vezes), filmagens aéreas da região, e o cálculo do tamanho da propriedade: 173.000 metros quadrados ou 24 campos de futebol, como repetem diariamente os noticiários. É aí que mora o perigo, segundo alguns analistas. O brasileiro simples pode se perder dentro das notícias que falam sobre desvios de 100.000 reais ou 100 milhões. Mas ele entende perfeitamente a figura de linguagem que chegou agora para falar sobre as posses do ex-líder sindical. Ou sobre uma cozinha planejada adquirida para o triplex no Guarujá, pago por uma construtora.
“Quando você fala que o mensalão desviou milhões, bilhões, de reais, ou menciona compra de apoio parlamentar, isso não quer dizer nada para o ‘brasileiro médio”, diz Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília. “Agora quando você fala em elevador privativo e reformas no sítio pagas por empreiteiras, isso choca demais a população, que passa a ver o Lula como uma farsa. As pessoas tendem a se questionar: ‘esse era o presidente pai dos pobres?”. Segundo ele, nesse cenário o valor envolvido na reforma, por exemplo, não é o fundamental para provocar o desgaste da imagem do petista, mas sim a questão dos valores e da ética.
A vantagem que Lula sempre teve em relação a seus rivais desde que foi eleito em 2003, que é justamente o imaginário popular sobre o homem que saiu da pobreza para olhar pelos menos favorecidos, entra em curto-circuito neste momento em que o juiz Sergio Moro foi elevado a categoria de herói nacional. Vale lembrar, de qualquer forma, que o Guarujá é hoje uma praia de classe média mas está longe dos circuitos dos milionários, assim como a cidade de Atibaia, a uma hora da capital paulista.
A polícia investiga se o sítio seria efetivamente de Lula, embora esteja em nome de amigos, o que caracterizaria ocultação de propriedade. Para aliados do ex-presidente, que saiu do poder com 80% de aprovação, essa leitura é absurda. Em entrevista ao jornal O Globo,o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, diz que qualquer pessoa poderia comprar um sítio ou casa na praia e emprestar a alguém. “Vamos imaginar que eu tenho uma casa na praia e disponibilize para você usar todo final de semana, alguém tem alguma coisa ver com isso? É o caso do sítio”, afirmou. “O problema é que não estão atrás da verdade. Estão atrás de encontrar um jeito de mostrar que o Lula está envolvido na Lava-Jato”, completou Marinho.
Se real ou apenas perseguição política, o fato é que já há quem duvide que o ex-presidente chegue com fôlego de concorrer à eleição em 2018. A empresa de consultoria política e de risco Eurasia Group, que costuma ser ponderada em suas avaliações políticas sobre o Brasil – nunca encampou a tese do impeachment de Dilma, por exemplo – chegou a cravar em um relatório que “Lula está fora da corrida presidencial de 2018”. Para justificar a análise, cita um estudo segundo o qual as chances de um presidente emplacar sucessor quando sua popularidade é menor do que 40% gira em torno de 6%. “A aprovação de Dilma gira em torno de 10% a 15%”, diz o relatório. Soma-se a isso “a profundidade com que o escândalo da Lava Jato já rebaixou Lula aos olhos de 70% da população”.
Caldas, da Universidade de Brasília, hesita em tirar Lula do páreo em 2018, em todo caso. “Prova disso é o mensalão. Todos davam ele como acabado em 2004, e no entanto em 2006 ele se reergueu e foi reeleito”, afirma o professor, que, no entanto, vê diferenças no tipo de escândalo que resvala no ex-presidente agora. O único cenário no qual o cientista político vê o fim das pretensões presidenciais do petista é caso ele seja condenado na Justiça.
O analista político Thiago de Aragão, da Arko Advice, concorda com a avaliação de Caldas. “É complicado colocá-lo como carta fora do baralho faltando dois anos para as eleições, principalmente no Brasil, onde a população tem uma enorme capacidade de perdão e esquecimento”, afirma. No entanto, ele faz uma ressalva com relação à diferença nos momentos econômicos vividos no país à época do mensalão e agora: “Quanto mais a economia cresce, mais a sociedade é tolerante com a política, e o contrário também é verdade. Os anos do mensalão foram de esperança, foi um momento positivo para a economia nacional”. Hoje, com a atual crise econômica e o aumento do desemprego, Aragão diz existir uma parcela da população que relaciona o “o petrolão com a crise”. “Um indivíduo que acabou de perder o emprego e está em casa assistindo TV vê uma reportagem com os números dos desvios na Petrobras, e faz essa associação. E no final, tudo isso é canalizado para o Lula e o PT”.
Até o momento o ex-presidente prestou depoimento no âmbito da operação Zelotes, que investiga a compra de Medidas Provisórias durante seu Governo e a venda de sentenças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. No entanto até o final do mês ele e sua mulher, Marisa Letícia, devem depor na condição de investigados. Para o Instituto Lula, "fracassaram todas as tentativas de envolver o nome do ex-presidente no processo da Lava Jato, apesar das expectativas criadas pela imprensa, pela oposição e por alguns agentes públicos partidarizados, ao longo dos últimos dois anos".
De acordo com a nota, tentativas do mesmo gênero feitas no âmbito da Zelotes também devem fracassar. Não há nenhum elemento que justifique a mudança do tratamento. Sobre o inquérito que irá apurar eventuais responsabilidades de Lula no caso de vendas de MPs, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, afirmou que o petista "foi ouvido no dia 6 de janeiro na condição de informante, sem a possibilidade de fazer uso das garantias constitucionais próprias dos investigados", e que "não há nenhum elemento que justifique a mudança do tratamento [de tratá-lo como investigado]". (MSN)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Bicudo diz que Lula enriqueceu de forma ilícita: "se corrompeu e corrompe a sociedade"

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Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, os autores do pedido de impeachment mais célebre do impeachment, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal falaram sobre o parecer e criticaram o PT e principalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também fizeram críticas sobre a oposição, classificadas por eles como fraca.
Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, afirmou que Lula enriqueceu de forma ilícita e com uso da figura da presidência da República. "O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através da sua atuação como presidente da República", declarou.
O jurista afirmou que, evidentemente, não está na linha de frente do pedido de impeachment por benefício próprio. Ele afirmou que o PT "vestiu-se de uma vestimenta de que o partido era o salvador da pátria". Bicudo disse que "ele foi nessa" e não era isso que era. "Quando eu percebi que não era, eu saí do PT", ressaltou. Ele se afastou do PT em 2005, quando explodiu o escândalo do mensalão. 
Ao falar sobre a maior decepção dentro do partido, Bicudo citou o suposto enriquecimento ilícito do ex-presidente. "O que mais me impressionou foi o enriquecimento ilícito do Lula. Ninguém fala nisso, mas eu conheci o Lula numa casa de 40 metros quadrados. Hoje, o Lula é uma das grandes fortunas do País. Ele e os seus filhos".
Ele afirmou ter conhecido o ex-presidente quando ele era um postulante ao governo do Estado de São Paulo. "Era um panorama completamente diferente do que se vê hoje no Lula quando ele fala. Ele falava para obter o poder e usar o poder em benefício próprio e dos seus, da sua família e todo mundo sabe disso. Quem é que está atrás disso? Quem quer que isso venha à tona. É preciso ver o que essas pessoas fizeram para ter isso", afirmou. O poder não deve ser fruto para você atingir os seus objetivos pessoais, afirmou. 
Bicudo ainda disse que o "Lula é o dono do PT" e que o ex-presidente é maior que o partido. Tirando o ex-presidente, não há nenhum quadro. Ele afirmou ainda que o partido "contaminou as instituições do Brasil de ponta a ponta" e criticou o Judiciário, ao afirmar que processo para escolha de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) é completamente viciado. 
Para o jurista, a saída da Dilma não vai gerar trauma. "As pessoas vão respirar fundo, dizendo: 'Puxa, saiu".
Oposição fraca e autoritarismo
A oposição também foi criticada pelo jurista, classificada por ele como "bastante covarde" em relação ao pedido de impeachment da presidente. Ele ainda vê dificuldades de que o processo seja levado adiante se não houver engajamento da população. 

Janaína também afirmou que é frustrante a posição da oposição. "É frustrante quando nós ouvimos os principais representantes, os porta-vozes – digamos assim – da oposição fazendo a defesa do governo. Veja, ninguém está pedindo pra acusar, até porque, ninguém é obrigado a concordar com o nosso ponto de vista. Eventualmente, o ex-presidente Fernando Henrique tem elementos pra entender que não é oportuno, que não seria adequado. E nós temos que respeitar a opinião dele”, afirmou a advogada. 
"Mas ele que guarde a opinião para ele", afirmou Bicudo. "É lógico, é evidente. Porque ele está querendo amealhar vozes contrárias [ao impeachment]. Olha o governador de São Paulo, por exemplo, [afirmou] que ‘não é momento para o impeachment’. Como é que ele sabe que não é o momento? Ele quer empurrar o pedido pra trás, não pra frente”
Bicudo ainda criticou o presidente do PT, Rui Falcão, classificado por ele como um "autoritário, que se sente dono do partido. Como você pode conciliar o sistema democrático com esse tipo de partido? Não existe. Esse é um partido da autoridade, autoritário". Por outro lado, o jurista afirmou que não se arrepende de ter participado da fundação do PT porque no momento tinha a ideia de um partido popular, para fazer reformas necessárias, para que toda a população gozasse das benesses. 
Janaína ainda afirmou que o autoritarismo do PT pode ser vista através dos parceiros dele do ex-presidente Lula e da presidente Dilma. "Eles reverenciam ditaduras. E isso reiteradamente", afirmou a advogada. Ela destaca que eles têm razão em criticar a ditadura militar, porém "as ditaduras da América Latina dos dias de hoje são protegidas, são reverenciadas, os ditadores vêm aqui e são tratados como chefes de Estado, como quaisquer outros [...] O autoritarismo também está aí". Ela afirmou que isso é o reflexo do sentimento de que "tudo é deles. Quando eles reverenciam estas ditaduras, quando a financiam, eles estão mostrando que tudo é deles. A Petrobras é deles, o dinheiro público é deles. Lidam como se fosse deles e não do povo". (IM)

Herdeiros de políticos ocupam metade da Câmara

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Felipe Maia (DEM-RN) é filho do senador José Agripino Maia (DEM-RN), cujo pai e tio também foram políticos
Conhecida por debates acalorados quando se trata de discussões sobre a “família tradicional”, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara foi cenário de um debate inusitado sobre outros tipos de famílias – as de políticos – no fim de outubro, durante a votação do Projeto de Lei nº 6.217, de 2013. Proposta pelo deputado Esperidião Amin (PP-SC), a iniciativa pretende chamar a BR-101 em Santa Catarina de Rodovia Doutora Zilda Arns, excluindo naquele trecho a homenagem ao ex-governador Mário Covas. O nome do paulista batiza todos os quase 5 mil quilômetros da estrada desde setembro de 2001, seis meses após o falecimento do político.
O clima ficou tenso na CCJ. Ninguém diminuía a importância de Zilda Arns, brasileira indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1999, mas muitos se mostravam incomodados com a retirada do nome de um político de uma obra. Durante as discussões, houve exemplos – críticos ou elogiosos – de pontes no Piauí e em Santa Catarina com dois nomes: cada sentido da via para um cacique local. “Há certamente novas rodovias, novas obras que serão construídas em Santa Catarina e a que, de forma consensual, o nome da Zilda Arns poderia ser definido. Se começarmos a abrir aqui um precedente de ratear uma rodovia, uma estrada, para homenagear vários nomes, vai se criar, além de uma atitude desagradável, até um conflito para quem vai pegar o endereço”, protestou o deputado Mainha (SD-PI).
José de Andrade Maia Filho, o Mainha, é filho de José de Andrade Maia, que foi prefeito de municípios do Piauí e suplente de senador. Em Itainópolis, a herança paterna na prefeitura garantiu a Mainha o início da carreira política, em 1996, quando também se elegeu prefeito do município, aos 22 anos. Mas, justiça seja feita, ele não foi o único membro da CCJ a protestar, o que levou ao adiamento da apreciação do projeto. Deputado mais votado na Paraíba em 2014, aos 25 anos, Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), filho do ex-governador e hoje senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), foi um dos que também se posicionaram contra a medida.
A discussão ilustra um mecanismo muito antigo da política nacional e especialmente significativo na atual legislatura na Câmara. De teor fortemente conservador, ela é também a que possui maior porcentual de deputados com familiares políticos desde as eleições de 2002. Um estudoda Universidade de Brasília (UnB) publicado no segundo semestre de 2015 analisou os 983 deputados federais eleitos entre 2002 e 2010 para concluir que, no período, houve um crescimento de 10,7 pontos percentuais no número de deputados herdeiros de famílias de políticos, atingindo 46,6% em 2010 – número próximo aos 44% encontrados pela Transparência Brasil no mesmo ano.
Logo após a última disputa eleitoral, a ONG divulgou outro levantamento que concluiu que 49% dos deputados federais eleitos em 2014 tinham pais, avôs, mães, primos, irmãos ou cônjuges com atuação política – o maior índice das quatro últimas eleições.
Atualmente, o estado que ilustra melhor o poder das dinastias nas eleições é o Rio Grande do Norte, onde 100% dos oito deputados eleitos se encaixam no perfil das pesquisas. A lista contempla Fábio Faria (PSD), filho do atual governador do estado, Robinson Faria (PSD); Felipe Maia (DEM), filho do senador José Agripino (DEM); Antônio Jácome (PMN), pai de Jacó Jácome (PMN), eleito deputado estadual em 2014 aos 22 anos; Rogério Marinho (PSDB), neto do ex-deputado federal Djalma Marinho (UDN, Arena, PDS); Zenaide Maia (PR), esposa do prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado (PR); Walter Alves (PMDB), de um dos clãs mais tradicionais do estado, com ex-ministros, ex-governador e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB); Rafael Motta (PSB), filho do deputado estadual Ricardo Motta (Pros); e Betinho Segundo (PP), da família Rosado, que domina a segunda maior cidade do estado, Mossoró, é neto de governador e bisneto de intendente – nome que se dava aos prefeitos até 1930.
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José Bonifácio, o Patriarca da Independência, é o nome mais famoso do clã Andrada, família que está no Congresso há 190 anos

E os elos familiares com o poder podem ser, em alguns casos, ainda mais antigos. A descendência de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), por exemplo, se sucede em postos nas estruturas de poder desde o período colonial e conta, até hoje, com um representante na Câmara, o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), no décimo mandato consecutivo.
Coordenador do levantamento que analisou as três primeiras eleições deste século, o professor de ciência política da UnB Luis Felipe Miguel observa que em diversas áreas é comum que os filhos sigam a carreira dos pais. O problema no caso da política é que ela não deveria ser considerada uma profissão. “Na política, isso é mais sério, pois ela deveria ser uma atividade aberta a todos os cidadãos”, diz. Diferentemente de outras áreas, continua o professor, nem sempre há isso de os filhos se aproximarem pela familiaridade com as profissões dos pais. “Há, sim, estratégias das próprias famílias para manter os espaços de poder, com filhos ou parentes que são muitas vezes empurrados para ocupar essas posições, quem sabe até contra as próprias inclinações. Isso é sim ruim pra democracia.”
Para Miguel, as estratégias de manutenção dos clãs no poder acabam por torná-los uma espécie de empreendimento – uma vez que a política também é vista em muitos casos como forma de enriquecimento pessoal –, com projetos bem definidos para a ocupação até mesmo de espaços que credenciam para a disputa eleitoral. Um exemplo é a carreira de Paulo Bornhausen (PSB-SC), filho do ex-governador e cacique do DEM catarinense Jorge Bornhausen. “O Paulo, que seria o herdeiro, foi deputado estadual, federal, candidato a senador [derrotado em 2014], mas antes de ser lançado candidato ele ocupou durante alguns anos um programa de rádio de apelo popular numa rádio de bastante audiência de Florianópolis”, explica Miguel.
Para o professor da UnB, como o processo eleitoral brasileiro é marcado pela desinformação e despolitização, pontos como o discurso e as propostas dos candidatos e mesmo a reputação ou a probidade do familiar que pede os votos não fazem diferença. “O que as famílias políticas controlam e legam na verdade são os contatos com financiadores, com controladores de currais eleitorais, com uma teia de apoiadores que disputam outros cargos, esse savoir-faire e esses recursos que dão aos herdeiros uma série de vantagens nas disputas eleitorais”, explica Miguel.
Conservadorismo
Nas eleições de 2002, 2006 e 2010, a diferença do número de beneficiados pelo parentesco na direita e na esquerda aumentou. Os herdeiros conservadores ampliaram a margem numérica sobre os progressistas, antes de 13 pontos percentuais, para quase o dobro (22,5 pontos porcentuais) em 2010, acompanhando o progressivo aumento de bancadas como a ruralista e a evangélica na Câmara no mesmo período. Em 2014, segundo uma análise feita pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), os brasileiros elegeram o Congresso Nacional mais conservador desde 1985 – o que acabou resultando, em 2015, no avançar de pautas como a redução da maioridade penal, o Estatuto da Família e a revogação do Estatuto do Desarmamento, todas na Câmara.
Para Ricardo Costa Oliveira, cientista político e sociólogo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os elos de parentesco “são um fenômeno social e político do atraso” e estão intimamente ligados ao conservadorismo. “É uma relação direta. A maioria dos deputados federais com menos de 40 anos é de família política. Eles herdam não só o capital, mas a visão de mundo e as pautas conservadoras. Assim, temos jovens que defendem o que os avôs já defendiam”, explica. Em 2010, segundo o estudo da UnB, mais da metade (52,1%) dos deputados que ocuparam na Câmara o primeiro cargo público da carreira tinham o capital político familiar como herança. E, em 2014, apenas 15% dos deputados que chegaram à Câmara com até 35 anos não receberam o empurrãozinho de um sobrenome político, segundo a Transparência Brasil.
“Historicamente essas dinastias políticas tendem a se formar mais à direita do que à esquerda. Aqueles que ocupam posições na elite política pertencem aos segmentos privilegiados da sociedade, estão numa posição de elite, com as vantagens materiais e simbólicas associadas a isso, e quem ocupa essas posições tem mais incentivos para ser conservador”, analisa Miguel. Quando as novas gerações tentam se adaptar aos novos tempos, em geral não fazem nada mais do que modernizar velhos discursos. “Vamos supor que em 2018 elejamos uma Câmara mais arejada, mais progressista. Ela não terá metade dos integrantes oriundos de famílias políticas, como é hoje.”
Mais que isso, o sistema eleitoral e político é estruturado de tal forma que muitos partidos novos acabam se moldando ao modo de funcionamento das velhas oligarquias. “O perfil de representação parlamentar petista, por exemplo, mudou muito. As primeiras bancadas eram compostas em grande parte por lideranças vindas diretamente dos sindicatos. Depois, chegou o padrão de carreira eleitoral mais gradativa – com eleições sucessivas de um candidato a vereador, depois deputado estadual e federal. E já começam a surgir famílias políticas no PT.”
Entre as dinastias que começaram a se organizar no partido nas últimas décadas estão a dos irmãos Viana, no Acre, Jorge – duas vezes governador e hoje senador – e Tião, recém-reeleito para o governo estadual; do clã paulista dos Tatto, com Jilmar, Ênio, Arselino, Jair e Nilto, que acumulam cargos como vereadores, deputados estaduais e federais; dos Dirceu, com o ex-prefeito de Cruzeiro do Oeste (PR) e hoje deputado federal Zeca Dirceu, filho de José Dirceu, nome histórico do PT e condenado por integrar o núcleo político do mensalão; os Genro, com o ex-governador gaúcho Tarso Genro e a filha Luciana, que migrou para o Psol; os irmãos José Genoino, ex-deputado federal e ex-presidente da sigla, condenado no mensalão, e José Guimarães (CE), líder do governo federal na Câmara; e os Lula, com a neta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bia Lula, na secretaria de juventude do PT em Maricá (RJ).
Na Câmara, ainda de acordo com o levantamento da Transparência Brasil, o Nordeste encabeça a lista das regiões com mais herdeiros (63%), seguida pelo Norte (52%), Centro-Oeste (44%), Sudeste (44%) e Sul (31%). No Senado, entretanto, Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão à frente (67%), seguidos pelo Nordeste (59%) e Centro-Oeste (42%). “Esse é um fenômeno nacional. Tenho um doutorando pesquisando o poder no Paraná. Acham que aqui, como o estado é novo, de imigração europeia, poderia ser diferente; mas constatamos a mesma estrutura hereditária de mandonismos familiares que vemos na Paraíba ou no Maranhão”, comenta o professor Ricardo Oliveira, da UFPR.
Apesar de se evidenciar em locais de difícil acesso a posições eleitorais privilegiadas por outros meios – como a mídia, os sindicatos e as igrejas –, os índices de parentesco no Senado mostram que a transferência de votos entre familiares é um fenômeno generalizado. “Nos Estados Unidos, onde o sistema eleitoral é por voto distrital, as taxas de reeleição são altíssimas, na casa dos 90%. É muito frequente, quando um deputado morre, a vaga ser ocupada pela viúva. Também lá, tivemos pai e filho na Presidência nos últimos 30 anos [George H. W. Bush e George W. Bush] e agora uma candidata [Hillary Clinton] que é esposa de outro ex-presidente”, observa Miguel. Para o pesquisador, as dinastias se enfraquecem onde os debates são mais programáticos, como em algumas democracias europeias, embora também lá as famílias contribuam, em menor escala.
Tentáculos
Estudioso de genealogia e poder há duas décadas, Oliveira diz que a oligarquização da política se reflete não só no Congresso Nacional, mas em assembleias estaduais, câmaras de vereadores, nos poderes Executivo e Judiciário e na mídia. “Aí você fecha o cerco. É aquela rádio no interior onde você [o candidato] tem a sua base garantida”, diz. O estudo coordenado por Luis Felipe Miguel, da UnB, constatou que, entre 2002 e 2010, um em cada quatro dos eleitos (23,6%) que tinham parentes políticos apresentava vantagem também no capital midiático, quase 50% a mais do que entre aqueles sem elos familiares (16,5%).
Como esse cenário atinge todas as esferas de poder da sociedade, o professor da UFPR não crê em mudanças senão no longo prazo. “Precisamos rediscutir o sistema político e partidário. Escrevi há 20 anos que haveria essa concentração de poderes familiares”, afirma. Miguel defende como mais necessárias mudanças em dois dos principais sustentáculos da política e do modo de praticá-la pelas dinastias. “A sua relação com o poder econômico – não só o financiamento eleitoral de campanha [derrubado pelo Supremo Tribunal Federal e que já deixa de valer para os pleitos municipais de 2016], mas também os lobbies e a corrupção – e a questão dos meios de comunicação de massa. Se a gente não mexer nisso, podemos virar o sistema eleitoral do avesso que os grandes eixos de enviezamento e manipulação estarão presentes”, diz. (CF)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

MORINGA, A PLANTA QUE PURIFICA A ÁGUA E PODERIA ACABAR COM A FOME MUNDIAL

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Preocupados com as alterações climáticas, cientistas têm procurado alternativas alimentares que sejam resistentes a adversidades e ao mesmo tempo mega nutritivas. Esse é o caso da jaca e da moringa. Em nosso país, a moringa é mais comum no norte, mas mesmo assim poucos brasileiros conhecem a planta. O vegetal é originário da Ásia e da África e cresce em áreas semiáridas tropicais e subtropicais. A planta traz uma série de benefícios, tanto para saúde e nutrição, quanto para economia e meio ambiente. Se cada família que habita os trópicos tivesse uma árvore de moringa plantada no quintal de casa, haveria menos fome e desnutrição no mundo.
No universo dos chamados “superalimentos”, a Moringa tem ganhado destaque. Existem 13 variedades da planta, que é da família Moringaceae – as mais comuns são a moringa oleífera e a moringa stenopetala. A árvore da moringa cresce muito rápido e pode chegar a até 12 metros de altura. Seus galhos são carregados de pequenas folhinhas verdes que são incrivelmente nutritivas. A planta se adapta bem em regiões de difícil proliferação de vegetais, em locais muito quentes e muito secos. Além disso, o alimento supre necessidades básicas, fornece energia e mantém os corpos nutridos. Na África e nas Filipinas, muitas famílias plantam uma árvore de moringa em seus quintais para garantir uso para consumo próprio. Todas as partes da planta são utilizáveis. Folhas, vagens verdes, flores e sementes têm rico valor alimentar, e todas as partes da planta, incluindo raízes, têm uso medicinal.
Nutrientes
O que mais surpreende os pesquisadores é a riqueza da moringa oleiferera ou acácia-branca em relação à quantidade de nutrientes. Ela não só possui uma grande variedade de antioxidantes, proteínas, vitaminas e sais minerais, mas também os possui em alta concentração. A planta possui sete vezes mais vitamina C que a laranja, quatro vezes mais vitamina A que a cenoura, duas vezes mais proteína do que o iogurte, quatro vezes mais cálcio que o leite de vaca, três vezes mais ferro que o espinafre e três vezes mais potássio que a banana. Além disso, o vegetal possui todos os aminoácidos essenciais que nosso corpo não produz. Por esse motivo, a moringa é considerada a “árvore milagrosa”.
Na Etiópia, a espécie mais comum de moringa é a stenotepala, que é largamente plantada nas encostas das montanhas em Konso, e ao redor das casas e cabanas de palha dos habitantes. A planta garante um mínimo de elementos nutritivos para a população do local, especialmente para as crianças.
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Suas folhas têm um sabor levemente picante, semelhante ao agrião. Elas podem ser consumidas de diversos modos, como cruas em saladas, ou cozidas em sopas. Um prato muito apreciado na Indonésia e no Timor Leste é feito com suas flores fritas em óleo de coco e depois imersas em leite de coco. A iguaria se chama makansufa e é comida com arroz ou milho. Suas flores também dão um belo aspecto quando utilizadas em saladas e são amplamente utilizadas na preparação de chá. Suas vagens verdes têm sabor parecido ao grão de bico e podem ser consumidas cozidas. Quando a planta é jovem e tem em média 30 cm, suas raízes possuem uma reserva nutricional e podem ser ingeridas. De sabor picante, elas podem ser consumidas em saladas ou refogados. Contudo, após esse período, a raiz seca e não pode mais ser ingerida. O óleo extraído de suas sementes é passível de ser utilizado em diversas receitas.
A absorção dos nutrientes depende muito da forma com que o vegetal é preparado. Ao ferver por longos períodos e jogar o caldo do cozimento fora, muitas vitaminas fundamentais para a nutrição são desperdiçadas. Uma forma eficiente de consumir a planta é secando suas folhas e a transformando em um pó semelhante ao matcha, pois desse modo seus nutrientes são conservados.
No sudoeste Senegal, no período de 1997 a 1998, pesquisadores ensinaram a receita a clínicas locais, médicos e enfermeiras, para salvar crianças, mulheres grávidas ou amamentando da morte por desnutrição. As mães foram orientadas a ingerir esse pó nas refeições para produzir mais leite durante o período de amamentação.
Seu uso como suplemento dietético está em expansão, e o pó de moringa tem sido comercializado para complementar uma possível falta de vitaminas e proteínas. Além do formato em pó, que pode ser adicionado a diversas receitas, existe também a versão em cápsulas.
A moringa é uma das plantas utilizadas pela tradicional medicina ayurveda. Segundo a ayurveda, a planta auxilia no tratamento e prevenção de 300 doenças. Dentre as propriedades alardeadas, algumas foram recentemente verificadas pela comunidade científica. Estudos mostram que a planta é um potencial larvicida e repelente do mosquito Anopheles stephensi que é vetor da malária e do Aedes aegypit, que transmite a dengue. Além disso, pesquisas mostram que um composto da planta é inibidor da leishmaniose.
Outro estudo demonstrou que infusões de água quente de flores, folhas, raízes, sementes e talos ou casca de moringa têm atividades antiespasmódica, anti-inflamatória e diurética. A planta ainda é apontada como antipirética, antiepiléptica, anti-inflamatória, antiúlcera, anti-hipertensiva, antitumoral, redutora do colesterol, antioxidante, antidiabética, antibacteriana e antifúngica.
Na medicina tradicional, o suco de flor moringa é utilizado para melhorar a lactação humana e o chá de suas folhas é indicado para resfriados e infecções. As flores frescas são recomendadas para combate a anemia, úlceras gástricas e diarreia. Já para picadas de insetos, feridas ou problemas de fungos na pele, os habitantes locais utilizam uma pasta feita com suas folhas.
Diferentes usos
Como visto acima, todas as partes dessa generosa plantinha são aproveitadas. Seja para a alimentação ou em remédios alternativos. Contudo a planta tem outras potencialidades que vêm sendo estudadas. O óleo de sua semente possui importância industrial e é aproveitado para lubrificar maquinarias delicadas, é também empregado em cosméticos como perfumes e utilizado para biocombustível. A planta também é usada como forrageira, para alimentar carneiros, cabritos, coelhos, galinhas caipiras, vacas leiteiras. E como a planta floresce o ano todo, suas flores são uma opção na alimentação de abelhas.
Outro fator que ressalta a importância da planta é seu potencial de realizar um tratamento químico da água ao decantar bactérias e resíduos. Após macerar as sementes de moringa e adicionar a aguá, ela atrai argila, sedimentos e bactérias, que se acumulam no fundo do recipiente e deixam a água clara e potável. Ela melhora em 99% a qualidade da água com seu efeito purificador.
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Três sementes purificam cerca de um litro de água. O ideal é utilizar sementes colhidas recentemente para o tratamento de água. O tempo ideal de decantação da água é de 90 minutos. Quanto maior o tempo e repouso, maior a quantidade de partículas irão se acumular no fundo do recipiente. Após esse processo a água precisa ser filtrada, coar com um pano já faz esse trabalho. Coar é muito importante pois o material orgânico decantado inicia um processo de decomposição após o tratamento.
Diversos estudos analisam um composto ativo à base da semente da planta, que poderia ser implantado como uma alternativa viável de agente coagulante em estações de tratamento da água convencionais. Atualmente são utilizados produtos químicos como sais de alumínio para realizar a coagulação e a floculação da água, resultando em um lodo com compostos químicos que não podem ser descartados de qualquer maneira. Contudo, com o uso da moringa, forma-se um lodo totalmente biodegradável que não oferece riscos ao meio ambiente. Pesquisas mostram que sementes de moringa oleífera não alteram significativamente o pH e a alcalinidade da água e não causam problemas de corrosão. Tanto sementes da stenopatala, como da oleífera possuem as mesmas propriedades purificadoras da água.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, seis milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada. Por isso, a expansão da moringa no território brasileiro é essencial.
Atualmente a planta é conhecida no estado do Maranhão e vem sido difundida no sertão nordestino.
O vegetal cresce onde mais se precisa dela. A região entre os trópicos é assombrada pelas mortes por desnutrição e ingestão de águas contaminadas. A resistência da moringa traz a esperança de uma água limpa e uma rica fonte alimentar para esses locais que sofrem tanto com o clima e com o solo. Com todos seus atributos, é difícil não reconhecer a moringa como uma das plantas mais generosas do planeta. (CS)

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